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Igreja Matriz de Curaçá: breve histórico

Com mais de dois séculos de história, suas paredes ainda carregam os gemidos de escravos, conforme apontou Esmeraldo Lopes em Caminhos de Curaçá

  • 15/06/2023

Toda e qualquer pesquisa sobre a história de Curaçá deve perpassar, primeiramente, até mesmo para uma leitura de contextualização, pelos escritos de João Mattos. Esse autor, na sua magnífica obra "Descrição Histórica e Geográfica do Município de Curaçá", resgatou e registrou aquilo que até hoje nos serve de base e alento para o incessante preenchimento de lacunas sobre coisas do passado ainda nos são desconhecidas e controversas.

A historiografia da Igreja, desde a sua origem mais remota, percorre por esses caminhos também. Tudo começa, aliás, continua, nas primeiras décadas do século XIX, em 1809, quando o padre José Antônio de Carvalho fixou residência no Porto do Capim Grosso. Nessa época, o Sítio Bom Jesus era de propriedade do capitão-mor João Francisco dos Santos, que fez doação das terras, via escritura pública datada em 20 de janeiro de 1809, para seu filho Florêncio dos Santos, esposo de Dona Feliciana Maria de Santa Theresa de Jesus, e ambos, conforme registrou João Mattos, vendeu "uma casinha coberta de palhas" ao referido clérigo.

“Com o padre morando ali, a proprietária do sítio deu providência, pediu ajuda a fazendeiros e mandou vir escravos para os trabalhos na construção da capela. Capela do Senhor Bom Jesus da Boa Morte. Bem perto, construiu sua casa também. Porto, padre e capela. Dois nomes para o mesmo lugar: Porto do Capim Grosso, Sítio Bom Jesus”, registrou Esmeraldo Lopes. 

Sítio Bom Jesus, no Porto de Capim Grosso, em 1868. Foto: Augusto Riedel

Entretanto, a construção da capela só foi iniciada por volta de 1819 e a sua inauguração ocorreu no dia 1º de janeiro de 1835, quando foi celebrada a primeira missa pelo Revmo. Pe. Cipriano Pereira de Azevedo. A Capela do Senhor Bom Jesus da Boa Morte se elevou à matriz e a matriz de Pambu acabou virando capela filial. Com a transferência da sede e da paróquia para o então Porto de Capim Grosso, no Sítio Bom Jesus da Boa Morte, nos idos 1853, Pambu perdeu o status de vila e acabou caindo no esquecimento. 

Em ofício publicado no "Noticiador Catholico", jornal que circulou de 1848 a 1860, que tinha os auspícios de D. Romualdo Antonio Seixas, arcebispo da Bahia e Primaz do Brasil, o padre Joze Rodrigues de Souza Araújo dava ciência da lei n° 488, de 6 de junho de 1853, que tratava da transferência sede da Vila e da Matriz de Santo Antônio do Pambu para o então Porto do "Bom Jesus do Capim-Grosso".

No mesmo documento, o vigário preocupado com as pessoas que eram contra a mudança da freguesia, solicitava à liderança religiosa apoio e segurança para deslocar a imagem do padroeiro Santo Antônio, bem como toda prata e outras alfaias pertencentes à igreja.

Lopes relatou que por volta do ano de 1891 foi realizada uma reforma na igreja. Nesse tempo, o vigário era o Monsenhor Elpídio Tapiranga. Depois disso, já no final da década de 1940, houve uma segunda reforma, "que consistiu no alteamento do fundo da igreja, que era bem baixinho", tendo sido arquitetada pelo engenheiro Dirceu de Possídio Coêlho", que fez a planta da reestruturação, que foi aprovada pelo bispo da diocese D. Henrique Goland TrindadeNo dia 23 de dezembro de 1948, um sacerdote da Diocese de Petrolina, o Pe. Manoel de Paiva Neto, dava a benção e reinaugurava a Matriz reformada. 

Ainda nas notas de rodapé do livro Caminhos de Curaçá (1999), Lopes conta que "só havia o altar-mor, onde todas as imagens de santos eram concentradas. A igreja não tinha mobiliário. Cada fiel levava suas cadeiras. Cadeiras para ajoelhar e cadeiras para sentar. Quem não as levava, assistia a missa de pé. O padre José Luna, entre finais dos anos 50 e início dos anos 60, fez campanha e conseguiu mobiliar a igreja com a contribuição do povo".

 

Alguns padres que estiveram à frente
da Paróquia Bom Jesus da Boa Morte e São Benedito:

 

Pe. Manoel Félix, Pe. José, Pe. Oscar, Pe. Guilherme, Pe. Adolfo, Pe. José Antônio de Carvalho Matos, Pe. José Gilberto Luna, Pe. José Torres Costa, Pe. Carlos Augusto da Costa, Pe. Cássio, Pe. João, Pe.  Miguel, Pe. Toninho, Pe. Erasmo, Pe. Valter, Pe. Gilvan, Pe. Magalhães, Pe. Luis, Pe. Teófano, Pe. Galvão, Pe. Flávio, Pe. João Bosco, Pe. Maximiliano, Pe. Jaime, Pe. Cássio, Pe. Jodean, Pe. Edvaldo, Pe. Donizete, Pe. João Mendes, F. Valdevan, F. Júlio César e F. Josimar.

 


Texto: Luciano Lugori e Deize Carvalho (com informações adicionais compiladas e cedidas por Wilson Ferreira Martins e Rogério Sampaio / Secretaria de Cultura, Esporte, Turismo e Juventude) 

Referências: João Mattos, Esmeraldo Lopes, Revista do Centenário/1953 e pesquisa dos alunos Eduardo, Kayla, Matheus e Waléria, ambos do CETEP-JAF. 

Foto de capa: Assessoria de Comunicação da PMC


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