Tem-se notícia de que o embrião da festa dos Vaqueiros de Curaçá
aconteceu em 1953, por ocasião das comemorações do centenário do município. Há,
portanto, 70 anos.
Fragmentos da história curaçaense registram que como parte dos
festejos do centenário, algumas categorias sociais foram homenageadas na sede
do município, dentre elas os vaqueiros. Aproximadamente quarenta deles
participaram do evento, todos uniformizados segundo a tradição da caatinga e
das fazendas
De outro turno, a história registra que em 14/08/1959 foi
fundada a Sociedade dos Vaqueiros de Curaçá, por iniciativa de Gilberto da
Silveira Bahia, que foi prefeito no período de 1959-1963.
Gilberto Bahia contou com o apoio de Abílio Gomes da Silva,
Aristóteles de Oliveira Loureiro, Sindolfo Curcino Rosa, Deoclecio Paulino da
Silva, José Alvino da Costa, Guilherme Bernardes do Nascimento, Albertino Nunes
da Silva, Edgard D´Araujo e José Ferreira Só.
A reunião de fundação aconteceu na Sociedade Curaçaense
Artística e Beneficente (SCAB), espécie de símbolo da sociedade curaçaense da
época.
Entretanto, no decorrer do tempo, precisamente na década de
1960, a então novel Sociedade dos Vaqueiros de Curaçá contou com a firme
colaboração de Manoel Pereira Filho, conhecido como Nequinha
Pereira, que teve papel fundamental na construção da
sede da instituição.
Como se vê, é razoável afirmar que Nequinha
Pereira adquiriu a condição de vaqueiro emérito de
Curaçá, pelo menos informalmente, tendo em vista sua valiosa contribuição em
defesa dos vaqueiros e de sua cultura. Por óbvio, pioneiro na estrutura da
Sociedade dos Vaqueiros.
O início de qualquer instituição não se dá tão somente através
de seus alicerces físicos. Sustentam-lhe também as ideias e a vontade que
alguns membros ou defensores dessa instituição têm para construir o futuro da
sociedade em que vivem.
Nequinha
Pereira faleceu em 2007
aos 96 anos. Deixou uma descendência respeitável que se esteia em filhos e, por
consequência, dezenas de netos, bisnetos e até tataranetos.
Está enterrado no cemitério do povoado de São Bento. Lá estão
suas raízes e o começo de sua história de luta e honradez.
É razoável supor que a reconstrução da memória de um lugar se dá
também através da gratidão aos seus filhos e também do reconhecimento à
disposição que eles tiveram de contribuir em benefício de seus concidadãos.
Não é possível fazer quaisquer referências à festa dos Vaqueiros de Curaçá sem que o nome de Manoel Pereira Filho seja resgatado do subterrâneo do esquecimento e passe a ocupar destaque merecido na história e na cultura do lugar.
V
Vaqueiros em dia de festa/Blog Josélia Maria, 07/07/2015
Observação necessária:
Para construir esta matéria, além da consulta aos meus alfarrábios e com o intuito de aparar as arestas de minhas imperfeições, contei com valiosas informações de Theodomiro Mendes Filho, defensor intransigente da Festa dos Vaqueiros e das tradições de Curaçá e de quem sou admirador; Luciano Lugori, professor, jornalista e escritor curaçaense; Maycon Roberson Pereira da Silva Belli, filho de Domingas Pereira da Silva e neto de Nequinha Pereira.
Todavia, possíveis erros e eventuais deficiências no texto são de minha inteira responsabilidade.
araujo-costa@uol.com.br
Texto de Walter Araújo Costa. Para ver a postagem original, clique aqui.